terça-feira, 8 de março de 2011

O Gandhy não resistiu a prova do Omo total.


        O Gandhy surpreende a cada ano com sua mudança brusca de folião.Um bloco nascido dos estivadores, de homens do povo , completando 62 anos de existência, tem mudado de cor com uma rapidez tamanha que assusta a população. Os apreciadores do bloco sentem saudade do branco aprova do OMO envolto da pele negra.
         O Afoxé passou pela prova do saponáceo traduzido na troca dos estivas pelos empresários que em busca do namoro fácil, da paquera que corre à solta procuraram se associar ao mito de Dom Juan existente nos homens de branco.
         Pierre Verger se tivesse vivo não usaria sua sensibilidade para retratar o Gandhy de hoje, não encontraria o afã nos olhos destes foliões, e , nem a masculinidade explícita no detalhe do suor , gestos e lábios de ébanos. Não seria uma foto em preto e branco; mas sim, uma cópia colorida de um pequeno mundo que ficou para trás.
        O carnaval mudou e tudo mudou com ele.Não é uma defesa de gênero negro o que evidencio é a descaracterização do bloco.Defendo a tese que todos devem participar de qualquer entidade carnavalesca, porém há de se guardar o princípio de tudo e a identidade não deve ser perdida.
       “Mandar descer para ver Filhos de Gadhy...” Olorum que me perdoe , mais não deixe seus filhos saírem do Orum para o Àiyé ,pois aqui chegando encontrará homo erectus  balbuciando palavras ,tentando adequar ao cântico divino impropérios de infinita falta de sabedoria

segunda-feira, 7 de março de 2011

QUEM FAZ OU TRAZ A PAZ?

ESCRITO POR LÊLA SOARES.

Qual foi a intenção da Assessoria de Comunicação e Marketing da Polícia Militar, ao criar o slogan que está sendo veiculado nos praticáveis da PM, ao longo dos três circuitos da folia.

A princípio o papel da polícia é de proteger, oferecendo um serviço de segurança aos cidadãos. Manter a ordem, dentro dos padrões da instituição. Porém, sabemos que isso tudo é teoria. Na prática a história é outra. Os meios de comunicação noticiam diariamente os “incidentes” que acontecem, envolvendo os profissionais dessa corporação. E o “empenho” que as autoridades competentes falam à imprensa sobre as providencias que serão tomadas para ver se “houve abuso de autoridade”.

É fantástico, apesar de não ser dia de domingo à noite. Mas, o que gostaria de evidenciar é o slogan para o nosso carnaval - o maior carnaval de rua do mundo - está deixando a desejar. Ou será a meditar?

Foi pensando na grandiosidade da festa e nos excessos que podem ser cometidos pelos foliões mais “agitados” é que a nossa PM resolveu sair à frente pela responsabilidade que tem ao conduzir as coisas, quando estas não estão indo bem, e é chegada a hora de praticar o slogan do carnaval 2011; Paz é a gente que traz!

É quando os homens da lei chegam e a mão pesa deixando que o cassetete caia suavemente no lombo dos descendentes africanos, vindos por livre e espontânea vontade, em navios transatlânticos negreiros para viverem uma vida de reis, na hoje ex- colônia Brasil.

Entra em cena todo trabalho desenvolvido pela equipe de psicólogos e terapeutas da polícia militar, especialistas em ensinar como devem ser feitas as abordagens e as táticas para conter uma população que não sabe se comportar ao ouvir o som de um trio elétrico. Imaginem se nesta Cidade em que todo mundo é d’Oxum e que o Senhor do Bonfim, do alto de sua colina sagrada, abençoa a todos indiscriminadamente, um bando de analfabetos, saídos dos guetos, onde o esgoto corre a céu aberto, vão saber ou ter ao menos uma idéia de quanto o Governo do Estado investe na reciclagem da corporação para que a palavra PAZ tenha o seu significado revelado.

É preciso que fique bem claro que neste carnaval, não é o cidadão que deve promover a Paz. Esse papel é da PM. Seja na boa ou no uso intencional de força excessiva (física), ou nos ataques verbais e na intimidação psicológica, a Paz é a gente, nós outros, que traz

Lêla Soares   cmkpsheila@gmail.com